domingo, 9 de maio de 2010

Correndo o risco 4


Não teve violência, além da permitida, o medo não foi medo, expectativa, segredos revelados em total cumplicidade advogam a mútua saciedade afastando qualquer crime, provando que o intenso é de longe o mais sublime.


Uma manhã cheia de manha, lágrimas formadas de orvalho, me sinto em palpos de aranha e duro como um carvalho, quanto mais ela me arranha, mais firme fica o malho, nem noto a sobra de banha que é excesso do que valho.


Mais valia ter sido comunista na harmonia utópica de lugar nenhum, economia de forma mista, se não rico pelo menos com algum.


Quem decide e manipula, quanto mais come mais aumenta sua gula, faz o sonho parecer fiasco e a vítima gostar do seu carrasco.


Corredor poético, galeria de significados, braço armado de idéias, botão, partida, ignição. Jamais ficar acuado.


Fui roubado. Adeus, pertences.


Deitada nos ladrilhos tintos de sangue a poeta adultera ouvia o marido general; "Viva La muerte! Abajo la inteligencia!" Sepultado vivo no armário, Gladsley espiava pela fechadura e aguardava o momento de contragolpear.


Quem lingerie por último lingerie melhor.


Em Lesbos, Sapho, a poetisa. Coráis vermelhos fazem odes ao amor entre mulheres o sal acrescenta sabor a magia a qual não sou convidado, sou náufrago pela segunda vez.

Correndo o risco 3

A luta é contínua, companheiros.


Depois de invocar o demônio querer controlar não posso é pactuar com o medonho e nem sentir remorso, vou realizar o meu sonho depois rezo um pai nosso o que faltar eu reponho não posso é ficar no ócio,não vendo a alma ao bisonho, apenas faço negócio.  


Famintos e sedentos em sanar os seus tormentos se esqueceram de saber que antes deles era a vez de seus rebentos.


Monstro pré-vondoriano meio branco meio preto meio pré-ibiraqueniano uns assim outros assados tudo meio misturado são quase pré-trombonianos tocam pífaros, tocam flautas e vão zoando e barulhando e quem tava bem quietinho já tá pré-tamborilando.



O além da escuridão tem mais luz que o peito em breu desse alguém que está contigo, antes ele do que eu, esse é o teu castigo


Beijo proibido, úmido, intenso e gostoso transforma o vil em virtuoso,


Liberdade é dizer a toda aldeia que somos do mesmo material de que os sonhos são feitos.


Em meio a devaneios surgem misturados os crimes e prazeres.


Entre racismos e asneiras constroem torres gêmeas.

Só falta ser poeta, mas poeta não é falta, é muito e ponto. É a linha do tempo e seus atalhos


Só resta ser poeta, mas poeta não é resto, é tudo e ponto. É a linha do tempo e seus atalhos.


No mundo cão era livre como um gato e pelo sim e pelo não sempre arriscava o salto.

Voar o tempo da queda, acordar sem ter sonhado e no caminho uma pedra.

Corendo risco 2

Um verso por dia, e a noite, submerso.


Falso em construir o amor construiu o próprio cadafalso.


Calma é a morte; serena chega, serena permanece.


Depois da cremação em homenagem e quebra galho juntou todo o farelo e com papel de canudo cheirou as cinzas do velho.


Convidadas Ju, Fe, Dé e Lu, mas as sílabas que compareceram na hora H não diziam duas palavras.


As manchas de mofo na parede são histórias do livro da noite.


Mesmo tendo rabo preso riu seu riso sem franzir o couro, pois cara de pau conhecido e famoso.


Em desequilíbrio glandular sonhava com o trazeiro rotundo da velha sereia do mar.


Se jogar no treze e der macaco louco o bicho se beneficia pouco, mas se jogar no nove para jararaca o bicho se beneficia paca.

No mundo cão era livre como um gato e pelo sim e pelo não sempre arriscar o salto

Correndo risco

Iludir-me,
disfarçar-me,
enganar-me,
esquecer-me,
perceber-me,
dissecar-me,
engasgar-me,
endoidar-me,
matar-me,
ressuscitar-me,
amém!


Com uma dose de Trotsky,
cinco de Maiacovski,
um pouco de Dostoiévski e
vários litros de whisky;
temos um quase Leminski.


Faço o inverso do processo,
troco a noite pelo dia,
planto o fruto sem semente,
digo um verso por dia
e a noite, submerso.


Com a mão em concha
recolheu água da chuva
e pos embaixo do sexo,
graciosa olhou-me e disse;
reflexo!


Era ainda muito moça,
foi como pedra no peito.
Urinou, fez uma poça,
depois do primeiro beijo.


Merda!;
o grito de guerra cênico,
Hospital!;
o brado do enfermo anêmico,
Esponja!;
do bêbado o apelido cínico.


O que seria de nós sem uma trilha?
Como seria sem uma pista que nos permitisse a matança?
Sem a matança como saciaríamos a fome? E a ira?
Comeríamos frutos e verduras até ficarmos verdes?
Ficaríamos calmos e em paz?
Até acharmos outra trilha, que nos desse uma pista,
para uma grande matança?