quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A Cadela do Fascismo




Pátria mãe Brasil, o que preparaste para teus filhos?  Estás tal qual Cronos? A devorá-los? Com breves interregnos de amanheceres e pores do sol?

O inferno de trevas volta a esmagar, estraçalhar e assassinar um povo tropical que há mais de quinhentos anos invadido por piratas, ladrões e assassinos, carrega as feridas nunca cicatrizadas da escravidão, da fome, da miséria, da morte prematura, de ditaduras, golpes de Estado e toda espécie de injustiças e crueldades.

Multidões paupérrimas em país de inúmeras riquezas, gente sem terra em meio a imensidões improdutivas, sem casa entre incontáveis terrenos ociosos e milhares de prédios destinados ao abandono e posterior especulação imobiliária.

Brasil de maioria afrodescendente, que traz na memória a chaga do ferro em brasa na carne negra de séculos de brutal escravidão. Povo arrancado a força da África e até hoje tratado como cidadão(ã) de segunda categoria em direitos, salários e respeito. Assim como os índios, donos originais desse país continente, as mulheres sob o pesado tacão do machismo e da misoginia.

Grupos sociais imemorialmente excluídos tiveram após quinhentos e doze anos de hediondo sofrimento uma luz de esperança, cidadania, dignidade e o iluminado direito de sonhar.

Vida e sonho que no dia vinte oito de outubro de dois mil e dezoito foi estraçalhado por um sub-reptício conluio entre concessões televisivas e seus tentáculos, um judiciário parcial e corrupto, a elite mais cruel do planeta junto ao grande capital especulativo nacional e multinacional, tudo planejado e executado pelos estadunidenses.

E como sempre, sob um verniz de eleições democráticas, mesmo com o candidato preferido pela população brasileira e até mundial, encarcerado sem provas depois de grotesca farsa jurídica.

A cadela do fascismo esta novamente no poder. E desta vez explícita e com todas as unhas afiadas.

Brava gente brasileira,  há de haver resistência e haverá.

O dito ensinou a todos nós: não está morto quem peleia!



Eduardo Simch
Barcelona, 29 de outubro de 2018   


sábado, 15 de setembro de 2018

Manifesto A Quatro Mãos





A participação feminina no filme “O Jovem Karl Marx” e a consequente elaboração do Manifesto Comunista (Das Kommunistische Manifest), escrito por Marx (filho de uma família de origem judaica de classe média da cidade de Tréveris, então Reino da Prússia), com Friedrich Engels (filho de um industrial ), na Paris de 1848, manuscrito enviado à gráfica em janeiro do mesmo ano, poucas semanas antes da revolução francesa de 24 de fevereiro.

Apresenta em rápidas pinceladas o incentivo aos maridos (que sofriam grande pressão em por no papel uma diretriz para o movimento dos trabalhadores),a participação tanto na redação como em “ideias” que viraram parágrafos inteiros.

O ‘precursionismo’ feminista de ambas, Jenny Von Westphalen (esposa de Marx), de família abastada, contrariando a tudo e a todos deixou a riqueza e foi viver com o jovem escritor e todas as incertezas financeiras advindas dessa decisão. 

Mary Burns (esposa de Engels), líder grevista que casa com o herdeiro rebelde das indústrias onde trabalhava, coisa impossível na atualidade, muito provável pelo monopólio midiático e sua intensa lavagem cerebral.

Tanto Jenny e sua opção pelo amor versus riqueza, quanto Mary que opta por não ter filhos e até sugere que Engels os faça com sua irmã, mostrando um desapego monogâmico que não perde a fidelidade do amor.

Opções e livre-arbítrio, em uma época que nem as mulheres sabiam que tinham direito a ter direitos.

Liberdades questionadas até hoje, seja pela direita reacionária como por enormes setores da esquerda.
Tem mais. Mas isso já bastaria para que o Manifesto Comunista (Das Kommunistische Manifest), fosse assinado a quatro mãos, 

Eduardo Simch

sábado, 8 de setembro de 2018

Aquilo que ressalta faz pensar




Estava em miséria financeira e emocional por motivos vários, o principal, o descaso, o desdém e a ignorância social em relação a arte, já que escultor.
Andarilho e faminto chegou a casa de um parente próximo. Sorrisos e abraços de praxe mal disfarçados no olhar enviesado da senhora do lar explicou sua situação de penúria.
Quando o parente lhe disse entre um gole de importado e degustação de  acepipes, não posso lhe ajudar, pois tenho mulher e quatro filhos.
O artista sorriu, agradeceu o copo de água e quando dirigia-se a porta foi questionado.
Entendes que estou certo, não?
O escultor faminto sentou-se e disse, antes de casares, antes de teres teus filhos, tinhas mãe, pai e irmãos.
O outro retorquiu, o que isso tem a ver?
Significa que em uma família, um clã, desde que o mundo é mundo tem prioridades, e qual é a principal?  
O que vem primeiro.
Cassaste porque quisestes, tivesse filhos por livre e espontânea vontade.
Antes disso sabia que tinha pais e irmãos.
Enquanto grupo  familiar somos responsáveis uns pelos outros, principalmente os que forem ou se encontrarem fragilizados.
Por acaso fui eu quem deitou com sua mulher e fiz quatro filhos?
Então não me ajudares com a desculpa de mulher e filhos é uma incoerência que o dinheirismo fez nas cabeças.
Pense nisso.
Sem se despedir o ora miserável dirigiu-se a saída.
Dois estampidos de pistola encerraram o sofrimento do artista.
Tiros disparados nas costas pelo próprio irmão daquele que disse a verdade cristalina que o sistema tenta destruir.
Mas todos sabem.
Simch
Set/2018


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

segunda-feira, 26 de março de 2018

Bens imateriais e materiais


O bem imaterial mais precioso é o conhecimento, o saber, que enquanto gratuito e universal provoca cobiça e medo no sistema neoliberal. Então é menosprezado, deslegitimado e por fim atacado das formas mais absurdas, maquiavélicas e mentirosas, como o esdrúxulo projeto de escola sem partido que criminaliza as artes, a filosofia e as ciências sociais, repetindo ininterruptamente que esses saberes são a matriz da formação de ”comunistas”, “socialistas” entre outras ideologias humanistas. Na verdade o objetivo maior é transferir a universalidade gratuita desses conhecimentos das escolas e universidades públicas para a esfera privada. Onde ali, são restituídos de seu verdadeiro valor, de seu ‘capital pessoal’ e vendido em estabelecimentos particulares. O que isso significa? Que só a elite abastada terá acesso, enquanto a esmagadora maioria da população permanecerá sem nenhum senso crítico, formando apenas técnicos a oferecer ao mercado e seus donos mão de obra barata, abundante, ignorante e passiva no que tange a compreensão do processo, consequentemente, mansa e explorada ao máximo.
Já os bens materiais (e aqui já refiro os essenciais como água, energia, moradia, terra e comida), que são produzidos ou processados por empresas ou programas estatais, são também criminalizados em processos Kafkianos (uso o exemplo das religiões. É como se se culpasse a bíblia pela pedofilia de padres e a desonestidade de pastores, o alcorão pelo fanatismo insuflado ou por seus mercenários travestidos de jihadistas a cometerem violências abissais, sempre a soldo das grandes potências, justificando invasões e saques de países com alguma grande reserva de riqueza natural. Ou o torá e não os rabinos e políticos sionistas pregadores do ódio, com os mesmos objetivos e a serviço do posto de guerra avançado estadunidense no oriente médio, chamado Israel). Logo sucateados com o propósito de oferecer um produto ruim para em seguida também serem vendidos e privatizados, completando assim o cruel processo autofágico neoliberal de transferência de renda massiva dos pobres e remediados a uma minoria já rica e abastada. É exatamente isso que o ‘poder profundo’(bancos, indústria armamentista, conglomerados de mídia, agronegócio, multinacionais, indústria pesada e farmacêutica) faz atualmente no Brasil e em outras nações geoestratégicas para a manutenção da hegemonia do capital especulativo.
Mas como foi dito acima, é sistema autofágico, pois gera massas famintas de desempregados, aumento em proporções geométricas da violência urbana e rural, poluição catastrófica da vida no planeta, que esses criminosos também habitam, além de esquecerem o principal: não combinaram com o povo e a revolta será imensa, pode tardar, mas virá em forma de hecatombe.
Eduardo Simch

domingo, 25 de março de 2018

Os nossos



Remédio e veneno,
doença e  cura,
agitado e sereno,
água podre e água pura,
o sofrer grande e o pequeno,
o fantasma doméstico e
o da rua,
coisas minha, 
coisas tua.