sábado, 15 de setembro de 2018

Manifesto A Quatro Mãos





A participação feminina no filme “O Jovem Karl Marx” e a consequente elaboração do Manifesto Comunista (Das Kommunistische Manifest), escrito por Marx (filho de uma família de origem judaica de classe média da cidade de Tréveris, então Reino da Prússia), com Friedrich Engels (filho de um industrial ), na Paris de 1848, manuscrito enviado à gráfica em janeiro do mesmo ano, poucas semanas antes da revolução francesa de 24 de fevereiro.

Apresenta em rápidas pinceladas o incentivo aos maridos (que sofriam grande pressão em por no papel uma diretriz para o movimento dos trabalhadores),a participação tanto na redação como em “ideias” que viraram parágrafos inteiros.

O ‘precursionismo’ feminista de ambas, Jenny Von Westphalen (esposa de Marx), de família abastada, contrariando a tudo e a todos deixou a riqueza e foi viver com o jovem escritor e todas as incertezas financeiras advindas dessa decisão. 

Mary Burns (esposa de Engels), líder grevista que casa com o herdeiro rebelde das indústrias onde trabalhava, coisa impossível na atualidade, muito provável pelo monopólio midiático e sua intensa lavagem cerebral.

Tanto Jenny e sua opção pelo amor versus riqueza, quanto Mary que opta por não ter filhos e até sugere que Engels os faça com sua irmã, mostrando um desapego monogâmico que não perde a fidelidade do amor.

Opções e livre-arbítrio, em uma época que nem as mulheres sabiam que tinham direito a ter direitos.

Liberdades questionadas até hoje, seja pela direita reacionária como por enormes setores da esquerda.
Tem mais. Mas isso já bastaria para que o Manifesto Comunista (Das Kommunistische Manifest), fosse assinado a quatro mãos, 

Eduardo Simch

sábado, 8 de setembro de 2018

Aquilo que ressalta faz pensar




Estava em miséria financeira e emocional por motivos vários, o principal, o descaso, o desdém e a ignorância social em relação a arte, já que escultor.
Andarilho e faminto chegou a casa de um parente próximo. Sorrisos e abraços de praxe mal disfarçados no olhar enviesado da senhora do lar explicou sua situação de penúria.
Quando o parente lhe disse entre um gole de importado e degustação de  acepipes, não posso lhe ajudar, pois tenho mulher e quatro filhos.
O artista sorriu, agradeceu o copo de água e quando dirigia-se a porta foi questionado.
Entendes que estou certo, não?
O escultor faminto sentou-se e disse, antes de casares, antes de teres teus filhos, tinhas mãe, pai e irmãos.
O outro retorquiu, o que isso tem a ver?
Significa que em uma família, um clã, desde que o mundo é mundo tem prioridades, e qual é a principal?  
O que vem primeiro.
Cassaste porque quisestes, tivesse filhos por livre e espontânea vontade.
Antes disso sabia que tinha pais e irmãos.
Enquanto grupo  familiar somos responsáveis uns pelos outros, principalmente os que forem ou se encontrarem fragilizados.
Por acaso fui eu quem deitou com sua mulher e fiz quatro filhos?
Então não me ajudares com a desculpa de mulher e filhos é uma incoerência que o dinheirismo fez nas cabeças.
Pense nisso.
Sem se despedir o ora miserável dirigiu-se a saída.
Dois estampidos de pistola encerraram o sofrimento do artista.
Tiros disparados nas costas pelo próprio irmão daquele que disse a verdade cristalina que o sistema tenta destruir.
Mas todos sabem.
Simch
Set/2018