"ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER"
VOCÊ É ADEREÇO
por Laerte Braga
Jean Charles foi assassinado por policiais ingleses treinados por agentes do serviço secreto de Israel, o MOSSAD, numa estação de metrô em Londres. A Scotland Yard em nota oficial lamentou o ocorrido e justificou a ação dos policiais. O brasileiro se "comportara de maneira estranha" e isso sugeriu aos policiais que pudesse ser um terrorista. Um menino de três anos estava num carro com sua mãe e seu irmão, na cidade do Rio de Janeiro e foi morto por um policial militar. O policial foi absolvido. Estava com outros policiais em perseguição a um carro suspeito e, em dúvida, fuzilou o menino. Confundiu os carros. O governador do Rio, Sérgio Cabral, em nota oficial, falou em estrito cumprimento do dever. Prometeu providências. Os policiais brasileiros importaram técnicas de combate ao "crime" e ao "terrorismo" dos soldados que "libertaram" o Iraque das armas químicas e biológicas de Saddam Hussein. Eram invisíveis, mas segundo Bush existiam e serviriam para destruir o mundo, a humanidade. A denúncia que policiais do Rio estão usando táticas e técnicas dos norte-americanos no Iraque foi feita pelo jornal THE WASHINGTON POST, no caso, insuspeito. Dan Mitrione era um agente secreto do governo dos EUA. Veio ao Brasil treinar torturadores à época da ditadura militar. Fez isso em todos os países do chamado Cone Sul (Brasil, Argentina e Uruguai, de quebra o Paraguai). Aqui virou nome de rua, no Uruguai terminou morto num esgoto. A nota oficial da polícia britânica sobre a morte de Jean Charles enfatiza a condição irregular do brasileiro no país e destaca que os agentes apenas cumpriram com o seu dever e tudo não passou de um "lamentável equívoco". Devem ter respirado aliviados quando se descobriu que era um brasileiro ilegal e não um cidadão britânico. Teria caído o governo ou perto disso. Quando da tragédia do metrô em São Paulo, as empresas participantes do consórcio construtor (Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa) divulgaram nota prometendo apoio às famílias das vítimas. No dia seguinte retificaram. As indenizações não alcançariam um dos mortos, pois em seu bolso havia um papelote contendo cocaína, logo, um "criminoso" no local errado, na hora errada. O governo de Israel determinou às suas embaixadas em todo o mundo que se organizem para defender o genocídio contra palestinos em nome do combate ao "terrorismo". Os comunicados limpos, assépticos, frios, são típicos dos tempos de barbárie que transformam pessoas em objetos consumidores. É preciso compreender que há um espetáculo/vigilância montado para garantir a GENERAL MOTORS/MORTOS, a FORD, a CHRYSLER, os bancos que quebram, a indústria pornográfica de Los Angeles em vias de falir. É preciso desprendimento para perceber que todo sacrifício é pouco diante da faina diária de D. Ermírio de Moraes, chefe de uma das mais poderosas quadrilhas do Brasil, o grupo Votorantim. Se o banco do grupo quebra o BNDES compra 49% das ações com o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador e pronto. O trabalhador trabalha, afinal quer o que? D. Ermírio levanta-se às seis horas da manhã, cuida da saúde de forma adequada e sai por aí lesando a saúde de milhões de brasileiros na destruição constante e permanente do meio-ambiente em seus "negócios". O Hamás existe em todas as partes do mundo. É o cidadão ou grupo que não alcança o elevado significado dos povos eleitos e superiores. Os únicos capazes de ouvirem a voz de "deus" e cumprirem as "ordens divinas". Se eventualmente morre um Jean Charles, paciência. Você deve dar graças a Deus por estar vivo, pois é apenas adereço nesse processo todo. E trate de seguir as regras. As redes de tevê e a grande mídia, esclarecedora e libertadora, ensinam a você como fazer para emagrecer sem deixar de consumir acepipes de primeira qualidade. A roupa adequada para malhar, manter a forma e queimar um número determinado de calorias por dia. Explica a você que "terroristas imundos", incapazes de apreciarem toda a parafernália de um shopping, têm que ser eliminados, do contrário você corre perigo. Aceitar a morte de um menino de três anos como estrito cumprimento do dever e agradecer que nada lhe aconteceu, ou aos seus. O poderoso exército de Israel decidiu abrir espaço para "ajuda humanitária" aos palestinos mortos que nem moscas em suas terras. No meio do caminho os canhões, aviões libertadores do nazi/sionismo dispararam contra os caminhões que levavam remédios, alimentos e roupas para vítimas desse novo holocausto, matando um motorista. A ONU quer que o caso seja investigado. Bobagem. Um general qualquer do Reich de Tel Aviv deve ter tido um surto, generais israelenses vivem surtados e imaginado que ou havia armas no caminhão, ou os remédios e alimentos seriam usados pelo Hamás para fortalecer seus integrantes. Quem sabe o espinafre do marinheiro Popeye? Israel em si já é um surto. Cidadãos do país que se recusam a participar do genocídio contra palestinos são presos e julgados como desertores. Não obedeceram às ordens de estrito cumprimento do dever. Os que protestam correm riscos. Devem acatar que sionistas são gente superior e o resto é o resto, ou... A "liberdade" chega em forma de bombas. O TIMES, de Londres, também insuspeito no caso, denunciou pela segunda vez o uso de armas químicas nos bombardeios assassinos contra palestinos. Armas contendo fósforo, tungstênio e urânio empobrecido. É justificável. Trata-se de palestinos e "deus" mandou que antes das eleições em Israel fosse morto o maior número possível de palestinos para assegurar a vitória do atual governo de Tel Aviv. Tudo isso e mais alguma coisa é estrito cumprimento do dever legal. Você, eu, todos os que não pertencemos aos povos superiores somos meros adereços. É um modelo que se reproduz em efeito cascata e desumaniza o ser humano. Não se trata de "hei de vencer mesmo sendo professor" como nos bons tempos. Que eram péssimos. Mas de "hei de chegar a Ermírio de Moraes". Ou "hei de ser do exército sionista". É tudo clean. Limpeza, a palavra exata. Limpeza étnica. Quando chegarem perto da sua roseira você vai perceber que palestinos somos todos nós. Nada mais que meros adereços para o estrito cumprimento do dever legal. O deles. E trate de agradecer o emprego que você tem. Mesmo que o preço a pagar seja o sorriso (era Kolynos) à hora do almoço para o patrão. Ele não difere nada de você. É apenas alguém que percebeu as vantagens do estrito cumprimento do dever legal. E depois pega um pão de nozes e um por fora nessa história toda. Disfarce essa cara de palestino com um personal trainer. Use os produtos de beleza que mantiveram Ingrid Betancourt jovem e faceira num cativeiro de dez anos na selva, em meio a hepatite, mais isso, mais aquilo e agora receba em troca o patrocínio dos donos para exibir-se defendendo a liberdade. O máximo que pode acontecer é alguém no estrito cumprimento do dever confundir você com um bandido, ou com um palestino/terrorista. Aí não reaja. Morra e sinta-se feliz de dar a vida pelo modelo político e econômico que garante o futuro deles. É tudo estrito cumprimento do dever. E as embaixadas de Israel estão às ordens para esclarecer o distinto público consumidor de todas as atitudes tomadas em defesa da "liberdade" e do "direito de existir". Ouça, leia e cale-se. Do contrário não adianta nem ser da ONU. Ah! A Cruz Vermelha corre sério risco de virar "organização terrorista". É que acusou o governo nazi/sionista de Israel de estar desrespeitando a Convenção de Genebra. Aquela que buscava para defender-se quando eram prisioneiros nos campos de Hitler. E antes de dormir veja se não tem ninguém do Hamás debaixo de sua cama. Todo cuidado é pouco
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