domingo, 20 de julho de 2008

Uso de drogas: liberar ou reprimir?

...Recentemente, tomamos conhecimento da opinião emitida por Bruce Michael Bagley, Ph.D. em Ciência Política na Universidade da Califórnia e consultor sobre tráfico e segurança pública: “A política antidrogas é um fracasso. As drogas estão mais baratas, mais puras e mais acessíveis do que nunca. E o consumo de drogas aumenta ao redor do mundo”. Diante de voz tão autorizada, torna-se visível o esgotamento da fórmula de repressão, principalmente por causa da ausência de resultados positivos, uma vez que tanto o tráfico quanto o consumo só têm aumentado... O álcool e o cigarro são as substâncias responsáveis pelo maior número de mortes não-naturais no Brasil. Segundo dados fornecidos pela ONU, 1,5 bilhões (!) de pessoas sofrem de alcoolismo no mundo. Apenas 55 milhões são dependentes de drogas ilegais. A esse respeito, aliás, pesquisa patrocinada por uma entidade governamental francesa, em 1997, concluiu que o álcool causa maiores prejuízos ao organismo humano que a maconha. Apesar disso, como “droga doméstica”, o álcool é permitido e até estimulado, enquanto a maconha é proibida. Por quê?
Finalmente, já que ingressamos irremediavelmente em uma época de preponderância exclusiva da “economia de mercado”, com a liberação do uso das drogas os governos se livrariam dos tormentos da repressão, de seus custos elevados e de suas infindáveis possibilidades de corrupção, com duas fantásticas vantagens adicionais: ganhariam com a cobrança de imposto sobre o consumo legalizado e, em curto prazo, liquidariam com a existência de organizações criminosas que estão à frente do comércio ilícito das drogas e que estão associadas a outras formas de criminalidade, como assaltos, homicídios, contrabando de armas de fogo de pesado calibre, para ficar nos exemplos mais vistosos. Vendidas livremente, quem precisaria de traficantes para consumir? São evidências tão óbvias que a gente fica na certeza de que há algum entrave muito poderoso impedindo a introdução dessa discussão na agenda político-social do país. O momento é gravíssimo e já ultrapassou os limites da tolerabilidade. A hora é de adoção de medidas urgentes e heróicas, que exigem coragem e visão precisa do futuro. Caso contrário, não teremos nenhum.
Sávio Leite Pereira
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