Amilton,
O Conquistador
Tomando
uma ceva com o Amilton, no Restaurante Rio de Janeiro, esquina Bento com
Riachuelo, quando passam umas velhotas para a missa das seis horas na igreja
das dores. O veterano, para mim era veterano, pois eu tinha 20 anos e ele já
nos seus trinta e tantos quase 40, pega no meu braço e diz “olha só que tesão”!
Assustei-me, pois era uma senhora de no mínimo setenta anos, baixinha e sem
nenhum atrativo convencional.
Amilton
foi o cara mais tarado que conheci, não no sentido de atacar mulheres ou se
lançar para namoradas de amigos, mas naquelas de arrastar para seu apartamento mendigas, sem teto, faveladas, domésticas calejadas e idosas, o que aparecesse pela sua
frente.
Lembro
que na época dirigia uma variante azul escura e desfilava com suas conquistas.
Com o tempo e a decadência, começou a ter que pagar mulheres, como era
vagabundo ou fazia um bico aqui, uma trampa ali, estava quase sempre sem grana,
então recorria a sua avó, não sei bem de sua formação familiar só sei que
achacava a velha. Em uma dessas, depois de dezenas de achaques e sob a negativa
intransigente da senhora partiu para um extremo, se não me engano morava no terceiro
andar de um prédio e para chantagear sua avó disse que iria se matar se ela
não fornecesse o dinheiro, só que o coitado escorregou e despencou três andares
passando meses no hospital. Depois de recuperado ficou manco e foi internado
várias vezes em clínicas psiquiátricas e hospícios. O encontrei algumas vezes
em estado deplorável. Esse foi Amilton,
o indivíduo mais tarado e comprovadamente um expoente do dito popular que diz; tem
gosto para tudo.
Eduardo
Simch
Obs: O fato tanto pode ser verídico como pura ficção, fica a critério do leitor.