Antes de Leonardo da Vinci, pintores, desenhistas, escultores e arquitetos, por mais ricos, famosos e prestigiados que fossem, eram vistos essencialmente como artesãos, pois na Idade Média e no início do renascimento ainda se tinham as artes plásticas na conta de mero trabalho manual, inferior à literatura ou à música. Leonardo revolucionou esse conceito. Para ele, desenhar era uma atividade basicamente cerebral. Desenho e pintura, a seu ver, superavam todas as outras artes. O artista, achava ele, tinha de representar basicamente “os movimentos da mente humana”. A primeira etapa – limitada às aparências - era só o primeiro passo. Já a representação dos “movimentos da mente” – apreensão do caráter através dos gestos e expressão – constituía o verdadeiro desafio. E de que forma apreendemos os movimentos da mente se não a exercitando? É do questionamento, da diversidade de opiniões, do debate político e filosófico que alimentamos o nosso desenho. Seria muito prejudicial cinco séculos depois de Leonardo, voltarmos a limitar a arte a sua mecânica artesanal. Queiramos ou não o fazer artístico sempre foi campo fértil para a discussão política. Sorte nossa ter existido Leonardo.
Ilustração; lápis de cera e aquarela,Simch